sexta-feira, 22 de novembro de 2013

Alternativa ao uso de pílulas anticoncepcionais parte 1 - Método Billings


No post anterior (leia aqui) falei do uso dos anticoncepcionais e a degradação que estes trazem principalmente ao corpo da mulher, e, ao meio ambiente e ao seres em geral. Mas como viver sem eles? Para as mulheres que querem ter controle de quando conceber um filho, ou para aquelas que fazem o uso das pílulas por questões hormonais para regular funções do organismo e a própria menstruação, pois tem ciclos irregulares, oque fazer?
Bom no meu caso após parir minha pequenina a 5 meses atrás (ela não foi planejada, mas é a melhor coisa que aconteceu na minha vida) eu quis logo começar a tomar um AC para pois quero curtir o máximo esses primeiros passos dela, do seu desenvolvimento, aprender todos os dias mais um pouco a ser a melhor mãe que ela possa ter, antes de conceber novamente. Então, fui ao ginecologista e ele me receitou o Cerazette, o qual eu passei a tomar 40 dias após o parto. Segundo a bula do medicamento ele é mais adequado para o uso durante a amamentação pois contém o progestágeno isolado do desogestrel, o que não atrapalharia na produção de leite. Eu nunca gostei e nem me adaptei a anticoncepcionais e a algum tempo, algumas semanas, venho estudado sobre alternativas ao uso deste pelo fator contraceptivo. Foi ai que em leituras em vários blogs começou a cair a ficha. Eu não preciso deles. Eu preciso conhecer meu corpo, vivenciar meus ciclos, ser feminina no seu conceito integral. Eu preciso e posso ser dona do meu corpo. E aí que vem, como fazer isso?
O primeiro método com o qual eu me deparei foi o Billings. O Método de Ovulação Billings é usado por milhões de mulheres ao redor do mundo. Ele foi desenvolvido pelos médicos Dr. John e Dra. Evelyn Billings e validado por renomados pesquisadores internacionais. Testado com sucesso pela Organização Mundial de Saúde, eficaz para evitar a gravidez ou alcançá-la. (a principio era o meu principal objetivo..) Ele se baseia em evitar relações sexuais em determinados períodos de cada ciclo menstrual, de acordo com a análise do muco cervical feminino; A mulher tem sensações diferentes nas fases do ciclo menstrual, devendo ficar atenta a estes sinais. Logo após a menstruação, não há formação de muco na vagina. Entretanto, ele vai surgindo no decorrer dos dias. Primeiramente, em pouca quantidade e, depois, em maior quantidade e também mais espesso. Esses são os períodos próximos à ovulação: fase mais fértil do ciclo menstrual, que ocorre na metade desse período. Quando este evento ocorre, ela tem uma sensação de umidade na região vaginal e o muco apresenta aspecto e consistência de clara de ovo. Ele tem a função de nutrir, proteger, selecionar e conduzir espermatozoides até as tubas uterinas. Assim, é nesta época em que contatos genitais não devem ser feitos, caso o intuito é não conceber.

Método de Ovulução Billings

As vantagens:
- é fácil de usar;
- simples de aprender;
- não necessita de drogas ou dispositivos sintéticos;
- não apresenta efeitos colaterais;
- não tem custo.

As desvantagens
- é contra-indicado para mulheres que apresentem vulvovaginites (por causa da presença de corrimentos, que podem confundir a detecção do muco cervical);
- leva a evitar o sexo justamente no momento em que tudo leva a isso, com maior umidade e lubrificação vaginal, além de maior desejo sexual (decorrência da fase fértil, o que pode ser resolvido com o uso da camisinha).

Apendendo o MOB

Aprender o MOB é muito fácil. Bastará tão somente que a mulher saiba dialogar com o seu próprio corpo, ficando sempre atenta aos sinais de que ele emite através da visão do muco e da sensação de secura ou umidade na vulva que este produz.
Uma dica para facilitar esse diálogo é a mulher  perguntar-se sempre:
- Como sinto minha vulva agora?
O corpo emite sinais claros no tempo que antecede a ovulação, permitindo a mulher sentir-se segura na sua observação. No entanto, algumas mulheres sentem-se ansiosas ao iniciar o método, porque temem não conseguirem ter percepção alguma. Um exemplo fácil a ser aplicado neste caso, é o início da menstruação, a vulva neste período não está seca, a sensação que a mulher refere é de molhada ou de algo pegajoso e o sangue é visível, mas cabe salientar que a sensação da vulva molhada antecede  a visualização do sangue. A sensação na vulva é o evento  mais importante, garantindo o aprendizado a todas as mulheres, inclusive as deficientes visuais.

Materiais Necessários
-    Caneta ou lápis de cor.
-    Papel para registro do gráfico.
-    Suas observações.

Como realizar as observações
As observações são realizadas ao longo do dia, durante as atividades habituais: trabalhar, andar, praticar exercícios. Na posição em pé e com a movimentação do corpo, o muco cervical deixa o canal vaginal, alterando a sensação na vulva, porém é importante lembrar que nem sempre o muco é visível.  A mulher identifica a sensação na vulva e posteriormente realiza a inspeção do muco se possível. Não devem ser realizados exames internos, já que a  vagina é sempre molhada e essa atitude pode ocasionar confusão. O muco deve ser  visualizado  naturalmente, na roupa íntima, ao higienizar-se e/ou durante as eliminações fisiológicas.
A mulher se mantém em sintonia com seu corpo, tornando-se automático e harmônico memorizar as mudanças que ocorrem, para posteriormente anotá-las.

Registro do gráfico
Um registro diário é essencial no MOB, pois facilita o reconhecimento  dos sinais da fertilidade, tornando a mulher apta e segura.
As anotações das observações são realizadas a noite, já que a sensação na vulva pode ser alterada ao longo do dia.
Foi desenvolvido um registro padrão de cores ou símbolos para recordação das observações. Manter as anotações destas torna-se rapidamente algo natural.
O registro é muito simples, requer apenas que pinte ou marque  no gráfico, a cor ou símbolo apropriado, depois escreva duas ou três palavras que descrevam a sensação produzida pelo muco e sua aparência. O importante é anotar sempre a mesma palavra para descrever a mesma sensação e aparência, estas possibilitam informações precisas do ciclo. (Ver gráficos aqui e aqui)
A medida que passam os dias, a mulher familiariza-se com suas anotações. O seu padrão de muco e as sensações que estes produzem em ciclos normais, começam a ser identificados. Caso exista alguma alteração no ciclo, como retardo ou adiantamento da ovulação, rapidamente esta também já pode ser reconhecida. As alterações no ciclo mais comuns são por: estresse, amamentação, pré-menopausa e interrupcão da medicação hormonal.

Quando iniciar o registro
Muitas mulheres acreditam que o primeiro registro deve acontecer no primeiro dia da menstruação, esta é uma prática equivocada e sem necessidade. O primeiro registro se inicia imediatamente após a aprendizagem, e sua duração para avaliação é usualmente de duas a quatro semanas. Neste período orienta-se a mulher ou o casal a abster-se de todo contato genital, chamado de silêncio genital, desta forma as observações não são prejudicadas pela secreção proveniente da relação e contato genital, que podem retardar o aprendizado.
A partir deste período, informações valiosas do ciclo menstrual serão identificadas, permitindo o reconhecimento de quando se está potencialmente fértil e quando se está infértil.
A familiarização com as observações e anotações tornarão a mulher mais segura.

Observações na vulva
Sensação – esta é a observação mais importante.
Toda mulher experimenta alguma sensação na vulva. O muco cervical necessariamente produz uma sensação ao deixar o canal vaginal, que ao longo do dia, nas atividades diárias, a mulher o observa, ou pode ser treinada a observar. Esta pode ser de secura (nenhuma sensação) ou de molhada.

Os termos habitualmente utilizados são:
- Seca – nenhuma sensação
- Molhada – esta sensação é  variável, de acordo com o momento do ciclo menstrual. Existem duas  sensações experimentadas específicas, a mulher não se sente seca, descrita como algo pegajoso, molhada/pegajosa, e a sensação de algo que molha, descrita como algo que é escorregadio na vulva, molhada/lubrificada ou molhada/escorregadia.

- Aparência – Ao sentir a presença do muco e se possível observação visual. Os termos habitualmente utilizados são:
- Cor - opaco, turvo, claro, transparente, borra(quando está manchado de sangue), presença de fios.
- Fluidez -   espesso, grosso, aquoso, fino
- Quantidade - pouca, média e grande.

O fator quantidade é muito variável, pois é dependente da produção de muco de cada mulher.
A mulher não deve se apegar a essas descrições, pois são somente sugestões. Utilizar suas próprias palavras a cerca das sensações e aparência do muco, podem facilitar a observação, aprendizado e segurança, que posteriormente serão utilizadas no registro.
A descrição não precisa ter sentido para outras pessoas, simplesmente devem ser anotadas e posteriormente explicadas para uma instrutora qualificada.
Cabe relatar, que muitas mulheres, ao receberem as informações básicas do MOB, surpreendem-se nas anotações iniciais, pelas diferentes sensações observadas e de como o diálogo com seu corpo é verdadeiro.

Interpretacão do gráfico 
A interpretação do gráfico deve ser evitada a princípio, para não ocasionar ansiedade ou até mesmo interpretações equivocadas. É impar ressaltar que  o MOB não trabalha na observação de um dia ou outro, não são as características do muco observado que me garantem infertilidade no dia da anotação em questão, e sim o estudo de um padrão evolutivo da sensação, proveniente da produção do muco cervical e suas características, permitindo reconhecer o potencial de fertilidade.

Padrões de fertilidade e infertilidade
Os dias inférteis são reconhecidos pela mulher através da  observação de uma sensação sem mudança em sua vulva, dia após dia. A esta característica no ciclo dá-se o nome de Padrão Básico de Infertilidade (PBI) e seu período ocorre do final da menstruação até o início de seus dias férteis.

Existem dois tipos de padrão básico de infertilidade:
1) PBI  seco - reconhecido como uma sensação de secura sem mudança e nenhuma presença de muco (a usuária não vê nada e não sente nada).
2) PBI de fluxo - reconhecido como uma sensação molhada/pegajosa e geralmente o muco é visível, ambos não sofrem alteração com o passar dos dias ( a usuária sente e geralmente vê dia após dia a mesma coisa, sem mudanças, o mesmo em cada ciclo).  Algumas mulheres, podem observar a presença de um fluxo, porém sente-se secas.

O PBI seco já pode ser determinado durante a anotação do primeiro ciclo de registro das observações.
No PBI de fluxo, se faz necessário a anotação de 1 a 3 ciclos, para  identificação com confiança do ponto de mudança, produzida pelo muco de tipo fértil e sua sensação proveniente. É importante acrescentar que os 3 ciclos estudados para o processo de identificação e confiança  do ponto de mudança, não é necessária a abstinência sexual dos mesmos, a abstinência ocorre somente no período pré-ovulatório, pois a mulher já está apta em reconhecer seu dia ápice.

Ponto de mudança
O início da fase fértil é identificado com a mudança do PBI, a mulher aprende a identificar o ponto de mudança entre período infértil  e sua passagem para o período fértil. De acordo com o PBI da mulher as suas observações serão as seguintes:

PBI seco - a indicação do início da fertilidade, é a mudança da sensação na vulva, de seca para não mais seca e poderá ser visível um tipo de muco opaco, pegajoso, espesso. Muitos acreditam que este muco indica infertilidade, porém esta é uma crença equivocada, pois no PBI seco, a presença de muco é a sinalização que o tampão protetor de muco, que mantinha  a cérvix fechada e protegida desprendeu-se da mesma, tornando-a aberta para a entrada dos espermatozóides.

PBI de fluxo-  a indicação do início da fertilidade é a mudança de sensação na vulva, de molhada/pegajosa para molhada/lubrificada  ou  molhada/escorregadia, a percepção na mudança das características do muco, podem ser visíveis ou não, porém a sensação será sempre identificada.

Padrão fértil do muco
No padrão fértil do muco, ocorrem mudanças diariamente, existe uma progressão na sensação (padrão evolutivo do muco).

PBI seco- o padrão evolutivo descrito é de seca, molhada/pegajosa até molhada/lubrificada.

PBI de fluxo- molhada/pegajosa até molhada/lubrificada .

Em ambos, pode ser  possível a observação de fios transparentes ou turvos de muco até o sintoma Ápice. Esta época, também está associado  com maior sensibilidade e inchaço na vulva e a palpação no gânglio linfático inguinal.
Cabe ressaltar novamente, que o mais importante não é o que se vê e sim a sensação experimentada, pois mesmo sentindo-se muito molhada, muito pouco ou nenhum muco pode ser visível.

As usuárias do MOB descrevem o muco fértil de inúmeras maneiras, claro, liso, turvo, manchado de sangue, pouco rosado, cor de café (borra), amarelo e com graus variados na quantidade. Algumas mulheres antes de se conhecer, ficam desanimadas, pois esperam ver um tipo de muco que se parece com clara de ovo cru, esquecendo-se que as características visualizadas é dependente da individualidade.
Ao iniciar o uso do MOB, a mulher necessita compreender que a observação é  do ciclo como um todo, o foco do estudo é o padrão evolutivo do muco e não observações isoladas, não há como determinar infertilidade, somente pela visualização de um tipo de muco espesso, ou seja, informações isoladas não  asseguram interpretações seguras.

Sintoma Ápice
É definido como o último dia da sensação molhada/escorregadia.
Esta é  a sensação mais importante experimentada pela mulher, pois a ovulação ocorre muito próxima da ocorrência deste ou até 48 horas após o sintoma, este é o dia mais fértil do ciclo, mesmo que o muco não seja visualizado, a sensação de lubrificada está presente.
Cabe ressaltar, que algumas mulheres acreditam que o dia mais fértil do ciclo, é o dia de maior quantidade de muco, isso é uma crença infundamentada.

Reconhecendo o Ápice
O dia ápice somente se determina no dia seguinte, quando não há mais sensação  molhada/escorregadia, é algo retrospectivo. Quando a mulher retorna a identificar a sensação na vulva, como seca ou molhada/pegajosa, semelhante a de antes do ponto de mudança, precisamente pode dizer: - ontem foi meu dia ápice.
Está é a regra de ouro do ciclo.
Após o dia ápice a mulher é fértil mais 3 dias completos.

Regras Básicas do MOB
O MOB é um meio natural, para evitar ou conseguir a gravidez, ou seja, todas as regras aplicadas são comportamentais, com fundamentos científicos seguros e confiáveis.

Regras para o evitar a gravidez
Regra dos Primeiros Dias ( antes do ápice )

1) Regra 1-  Durante a menstruação, em dias de abundante sangramento, evitar relações sexuais.

2) Regra 2- Durante o PBI, manter relação sexual em noites alternadas .

3) Regra 3- Evitar a relação sexual em qualquer dia de muco ou sangramento que interrompa o Padrão Básico de Infertilidade. Qualquer mudança do PBI (sensação e/ou aparência ou algum tipo de sangramento), é aplicado o  "Esperar para ver". Abstém-se de relação sexual, para esperar um padrão de evolução do muco até identificação do dia ápice (Regra do Ápice). Se não for possível a identificação, após observar o retorno de três dias de PBI, está liberada a noite do 4º dia para reiniciar as relações sexuais, se mantém a Regra 2.

Regra do Ápice
Identificado o dia ápice, esperar 3 dias completos para iniciar relação sexual.

Do quarto dia após o ápice, até o final do ciclo, o período é de infertilidade, as relações sexuais estão liberadas e não há necessidade de aplicação das regras comportamentais.

Eficácia do MOB
O índice de gravidez relacionado ao método é menor que 1%. O índice total de gravidez varia de menos de 1% até números maiores, de acordo com a escolha dos casais usando o método.

Saiba mais em http://fertilidadeinteligente.blogspot.com

11 comentários:

  1. Ou seja, para eu controlar minha vida sem pílula tenho que restringir quando vou ter uma relação sexual ao invés de seguir simplesmente o meu desejo! Super empoderador! Só que não.

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    1. Até que surja uma aternativa melhor que nao nos encha de hormônios o billings é o mais empoderador que teremos.

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  2. Passou da hora de inventarem um anticoncepcional masculino!

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  3. Como diz o ditado: 'gravidez não é um caroço que nasce na testa".rs..Realmente, é possível uma paternidade responsável com métodos naturais sem ter que se tornar objeto sexual um do outro.

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  4. Descartando que ser escrava dos próprios desejos não me soa muito como liberdade... mas pode-se ter relações sexuais com camisinha nos dias de fertilidade? ou isso altera alguma coisa? rs

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  5. O que significa ser escrava dos próprios desejos? Como é que ter a liberdade de escolher quando fazer sexo, digamos, porque não há barreiras há não ser minha decisão pessoal, é uma escravização?

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  6. Mas gente e o DIU? É eficaz e pelo que sei, vale a pena porque você não precisa de AC e tão pouco usar um método que embora tenha seus créditos, não permite que a mulher mantenha relações quando quiser.

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  7. o DIU não serve pra todas as mulheres, tem mulher que organismo expulsa na menstruação, outras já tiveram problemas de perfuração no utero, e mais se a mulher tiver muito fluxo e cólicas fortes, aumenta mais ainda, pois ele inflama o utero.Corre ainda o risco de uma gravidez com risco, nas trompas. Se tiver endometriose nem pensar... E tbm objeto estranho dentro do corpo da gnt, não é algo muito bom, apesar de algumas mulheres aprovarem. Isso quem me informou foi uma ginecologista!!!

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  8. Os injetáveis são uma boa opção? Estou querendo saber mais sobre esse método. Achei este link http://www.cyclofemina.com.br/ mas gostaria de mais informações. Aguardo!

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  9. Anticoncepcional = maneira q os machos descobriram para usar as mulheres sem consequencias a eles!!!
    Acordem manas! Conhecer e respeitar seu corpo, sua natureza, alem de inspirador é empoderador!!!

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